domingo, 9 de fevereiro de 2014

"O sol nasce todos os dias"

"POEMA V

Não lhe queiras dar um nome.
Larga esses rótulos todos.
Ela quer-te muito, e isso devia ser suficiente.
Esquece a perfeição.
Dá passos em falso. Montes deles.
Tropeça. Diz asneiras.
Mostra-lhe as feridas.
O sol nasce todos os dias."

in «Antes que chova», de João Nunes

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Tibério Cisco («Os Nomes do Frio», de Helena Filas Afonso)

Como prometido aqui fica um conto do livro «Os Nomes do Frio». Este é um dos que mais marcaram a autora: leia a agradável conversa com Helena Filas Afonso e saiba porquê.

"Tibério Cisco
i
Tibério Cisco está numa conferência sobre leituras.
Está no liceu. Tem 16 anos.
Na conferência, estão o Ministro da Educação, dois escritores
de literatura infanto-juvenil e um professor da Faculdade de Letras
de Lisboa que lhes fala, este último, do engenhoso fidalgo da Mancha
que ensandeceu lendo e, em consequência disso, se meteu nas
mais belas aventuras.
Tibério Cisco não consegue acompanhar tudo. Fica-lhe a imagem
do professor a falar da figura do intrépido.
Toda aquela gente veio de Lisboa para os incentivar na leitura.
Tibério Cisco é rápido na aprendizagem. Aluno mediano, pois
não está para grandes sacrifícios. É mediano em tudo, desde a matemática
ao português, passando pelas disciplinas de encher tempo.
Tibério Cisco dá uma gargalhada com uma passagem divertida
do professor que fala de loucuras benignas. Alguém lhe diz ao ouvido
“é maricas”.
A partir daí, não ouve mais do que se passa na conferência.
Sabe que falaram de teatro, de mitos, de heróis e de génios que
permanecem ainda vivos neste século, mas sabe porque lho contaram,
não que tivesse ouvido.
De repente, vislumbra uma luz sobre o futuro.
ii
Em casa, Tibério Cisco tem uma família numerosa. Mãe, pai,
quatro irmãos mais novos, avós maternos, uma tia com o marido e
um filho, um tio solteiro e uma tia solteirona.
A casa é espaçosa e tem um quintal. Coube à avó na partilha
dos bisavós.
A casa é frente ao mar.
A casa é húmida no inverno, mas, sobretudo, é barulhenta o
ano todo e às vezes os mais velhos da família zangam-se uns com
ou outros, por dinheiro, por acusações de preguiça contra uns, por
ninharias como não se saber de uma peça de roupa, enfim, a casa é
muito participada e assaz cansativa.
Embora a casa seja grande, o dinheiro é sempre pouco.
Tibério Cisco é um rapaz novo, cara bonitinha, corpo magro,
barriga lisa e feitiozinho rancoroso.
Quer ver-se livre da casa logo que possa.
iii
Tibério Cisco ainda tem 16 anos.
Está na escola.
Na aula de Português, transmite à professora que quer ir para
letras. Nota a surpresa que a sua escolha provoca. Tem que ler mais
se é isso que quer, responde-lhe a professora sem grande paciência
para perscrutar a sua decisão.
Tibério Cisco passa a ler algumas coisas, com pressa, entre um
jogo de PlayStation e uma ida ao café.
Tibério Cisco sai com os colegas da escola. Dá-se distantemente
com quase todos eles. Não tem namorada, embora umas quantas se
ofereçam ao cargo.
Não apanha bebedeiras, nem toca em substâncias menos recomendáveis
para um rapaz da sua idade. Não porque tenha qualquer
posição de princípio contra o álcool ou porque não goste,
nem porque tenha decidido morrer abstinente. Apenas porque não
o sensibiliza a necessidade de exagero líquido ou vaporoso, considerando-
a uma transgressão sem motivo.
iv
Tibério Cisco vê muita televisão e muitos filmes em DVD. Lá
em casa, toda a gente vê muita televisão. Ele recolhe-se no quarto
mais pequeno da casa, que escolheu para poder usufruí-lo sozinho
sem ter que o repartir com um dos irmãos. É lá que vê os filmes e os
seus programas favoritos. Passa também muito tempo no computador.
Os adultos da casa dizem-lhe para ter cuidado com a internet,
mas, fora esta advertência vaga e indecisa, não se intrometem
na sua vida.
Por tudo isto, Tibério Cisco deita-se sempre muito tarde.
v
Tibério Cisco tem agora quase 19 anos. Conseguiu ter média
para entrar em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras de
Lisboa. Conseguiu um apoio para custear os estudos. Conseguiu
alojamento numa residência perto da faculdade. Resolveu tudo
sozinho.
Prometeu aos pais ir pelo menos uma vez por mês a casa. Deixou-
os a chorar. Disse-lhes o devido.
vi
Tibério Cisco anda atarefado em reencontrar o professor que
falou de Rocinantes, Dulcineias e de humor.
Não tem a certeza do que fazer aos Estudos Portugueses.
Conhece novos colegas e decide mudar da residência para um
apartamento mais longe, a dividir com outros três estudantes, que
lhe devolve a liberdade de ter um quarto só para si.
É mais caro. Tem que trabalhar. Passa a fazer uns biscates num
bar, a servir shots e a sorrir para todos os clientes.
Aguenta-se.
Continua a procurar o professor.
vii
Tibério Cisco encontra o professor. Fala-lhe com admiração da
palestra que deu uns anos antes na sua escola.
O professor está envelhecido, com os cabelos brancos que entretanto
ganhou, e também mais baixo.
Tibério Cisco está atraente como um íman, nas suas calças de
ganga com cintura descaída e músculos lombares visíveis nos gestos
espontâneos por baixo da t-shirt justa e curta.
O professor juraria que lhe via os pelos púbicos num aceno
excitante.
O professor mantém as suas calças de tecido vincadas.
Tibério Cisco é bom a rir e a mostrar o interior da sua boca arejada.
Ri-se e tomba distraidamente a cabeça nos ombros do professor.
Diz: “Desculpe”.
O professor desculpa. Passa a desculpá-lo deste gesto assiduamente.
viii
Tibério Cisco deixa hoje a casa que dividia com colegas. Leva
pouco consigo.
Falta às aulas na faculdade.
Bate à porta do apartamento esterilizado do professor. Sorri-lhe.
O professor oferece-lhe o ombro.
ix
Tibério Cisco deixou de ir às aulas. Procura um sentido para a
sua vida. Anda com dúvidas existenciais. Vai ao ginásio libertar-se
de pensamentos compactos que lhe endurecem as veias do pescoço.
Sorri e ri. Correspondem-lhe.
Chega a casa e deita-se na chaise longue.
O professor não está."
 in «Nomes do Frio», de Helena Filas Afonso

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Manuel Alberto Vieira - «Caderno de Mentiras» - na 1.ª pessoa

Manuel Alberto Vieira é um escritor do seu tempo: o tempo certo. Ao seu ritmo burilou este «Caderno de Mentiras» que nos orgulhamos de ter editado e que agora foi alvo de atenção por parte do programa «Livros com RUM», da Rádio Universitária do Minho.

Fica aqui o convite para conhecerem melhor Manuel Alberto Vieira e este seu primeiro livro de "contos curtos", género pelo qual é apaixonado. Confira tudo em: http://podcast.rum.pt/uploads/Livros_com_RUM/341-livros_com_rum-2014-01-23.mp3.

Para saciar essa vontade de saber mais, que sabemos que ficou por aí a pairar, recuperamos um artigo de opinião publicado por alturas do lançamento do livro e que, cremos, enriquece o conhecimento sobre o autor e sobre o livro: http://p3.publico.pt/cultura/livros/5548/manuel-alberto-vieira-cada-palavra-existe-para-fazer-diferenca.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

À conversa com Helena Filas Afonso

A Eucleia orgulha-se de ter editado, sob a sua chancela Liríope, uma autora tão carismática com Helena Filas Afonso («Os Nomes do Frio»). É um verdadeiro prazer ouvi-la: tem - sem sombra de dúvida - o dom da comunicação e o dom da palavra. Para que os nossos (seus) leitores a possam conhecer um bocadinho melhor, fizemos-lhe um convite inesperado ao qual acedeu com a generosidade com que se deixa embalar numa boa conversa e com que rasga um sorriso. O que se segue, diríamos que é uma conversa à lareira e bem quentinha: à Helena agradecemos as palavras e a simpatia e aos nossos leitores só podemos recomendar que descubram este livro e esta autora.



Eucleia: Para quem não a conhece, aqui fica o desafio: como é que a Helena se apresenta enquanto escritora? E enquanto leitora, quais as suas referências mais marcantes e as suas preferências?
Helena Filas Afonso: Enquanto escritora interessa-me não inventar, interessa-me fixar o pouco, o excesso, o absurdo, afinal o normal despido de adereços.
Não sei a que linhagem pertencerá o que escrevo, para que fontes remete. Faço por não envergonhar os livros que me encantaram, mas é tarefa difícil e muito exigente.
É difícil falar em referências marcantes e preferências.
Simplificando, vou apenas mencionar alguns que me “desconformaram”: Rui Cinatti, Botto, O’Neill, Ruy Belo, Nuno Bragança, Luiz Pacheco, Cervantes, Clarice Lispector, Tchéchov, Shakespeare, Prévert, Keats, Woodsworth, Boris Vian, Bukowski, Carver, Edgar Allan Poe, José Angel Valente, Cinthia Ozsik, Danill Harms, Beckett, Kipling…tanto homem e faltam ainda tantos e tantas!
Antes de tudo, que para mim não foi o início mas é para sempre, temos os gregos e os romanos. Maravilham os seus textos e nunca mais os largamos! O Génio está todo lá! É impossível que não marquem a ferro quem os lê.
Mark Twain, Graham Greene, Françoise Sagan, Patricia Higthsmith, Bernard Shaw, foram influências marcantes, mas faltam outros…tenho a certeza que faltam outros…..
Descobertas de final de Séc XX, princípio de Sec XXI: Philip Roth e Coetzee.
Livro que mais demorei a ler porque estava tão bem escrito que ultrapassar as primeiras quarenta páginas foi um suplício maravilhoso: «Moby Dick», de Melville.
Entretanto já me dei conta que não referi Saramago, nem Gil Vicente ou Pirandello…isto deixa-me muito inquieta….


A Helena tem formação em direito. Qual o papel da escrita na sua vida?
Escrevo desde muito nova (onde é que já ouvimos isto?).
Comecei com a poesia e com ela continuei sempre. A prosa veio muito mais tarde, embora tenha escrito um conto por volta dos 12, 13 anos, de que me lembro ainda do título: “Rosa Maria Pencuda”. Só aos trinta e tal anos as tentativas na prosa resultaram em algo acabado. As tentativas foram sempre no formato curto do conto.
A formação em direito fi-la sempre com a companhia de outros livros que não apenas os de direito. Essenciais à minha sobrevivência, os outros livros que não os de direito. E importantes para a formação humanista em qualquer escolha vocacional. Nessa altura continuei a escrever poesia e tentativas de prosa inacabadas, confusas, mal escritas.
A escrita sempre me acompanhou e me defendeu. A sua falta desequilibra-me e a sua permanência desequilibra-me também mas de uma maneira mais suportável. Escrever consome energias vorazmente mas dá-nos umas lentes por onde olhar este mundo desajeitado. Não sei porquê, mas aceitei este trato, o que não tem nada a ver com a recepção que o livro de contos possa ter.

Ao escrever fá-lo: por si, para si, ou para quem a vai ler?
Escrever, independentemente de eu o fazer, e de o fazer bem ou mal, exige essencialmente liberdade. Claro que há outros factores, claro, o talento, a técnica, a bagagem, etc, mas tudo isto sem liberdade não dá coisa muito boa. Portanto, quando se escreve não há qualquer mentor que não seja a ditadura da história que se quer contar com as palavras que surgem umas sabe-se lá de onde, bem-vindas palavras de inspiração, e outras de muito trabalho.
Ao escrever não penso nunca no outro e nem em mim. A história supostamente soberana, a música interna das palavras, a composição das letras, as personagens, levam-me a caminhos às vezes bem estranhos, exigentes, contraditórios, e não se pode pensar em nós próprios ou em quem quer que seja, sob pena de quebrar o fio mágico. Depois do poisio a que fica sujeito o texto escrito volto a ele e releio e às vezes reconstruo. Às vezes destruo. Nessa fase penso: é isto que eu queria, é isto que quero? No leitor pensa-se eventualmente quando se escolhem os textos para formar um livro para publicação…talvez, não tenho a certeza.
Em conclusão, não escrevo para mim nem para os outros. Devo escrever por mim, se não por que o faria?


Numa palavra, como descreve este seu livro de contos?
A esta pergunta não sei responder, mas se Aladino me concedesse um desejo poderia ler ou ouvir alguém definindo o livro assim: só o é depois de o lermos, mas é!

Já teve, concerteza, feedback dos leitores; a imagem que lhe passaram do livro “encaixa” com a sua enquanto autora? O que mais a surpreende na leitura que outros fazem das suas palavras?
Não discuto o seu conteúdo. O livro já não é o livro que escrevi, é o livro que cada um lê.
Há, contudo, um ponto comum na reacção que me tem sido transmitida: o factor surpresa! Dizem-me que os contos surpreendem. A surpresa, como leitora, é um encontro desejado. É uma alegria imensa quando um livro me surpreende, uma verdadeira emoção! A surpresa faz-nos arregalar os olhos e ficar mais atentos! A resposta a esta questão poderá ser, então: o que mais me surpreende é a surpresa que o livro tem provocado, segundo me dizem, o que muito me agrada. O conto vive muito da surpresa…e por isso recebo estas reacções com satisfação.
Ainda ninguém me disse que o livro desiludiu, ou que está mal escrito, ou que é presunçoso (o pior que poderiam dizer), mas a existência apenas de opiniões benévolas não sei se é bom sinal!

Agora uma pergunta difícil (sei que o é): qual o seu conto preferido deste livro?
Sim, tem razão, a resposta a esta pergunta não é fácil. Mas, pelas razões que passo a explicar há dois contos que elegeria.
O conto “Tibério Cisco” corresponde a um parto fácil e só por isso tem um lugar especial, isto é, nasceu “perfeitinho”. Aquilo que queria escrever, a ideia e o resultado, ficaram muito próximos. Também o ritmo, o swing, deste conto é o que eu pretendia. Esta parte, no meu caso, não é fácil, a parte de dar o ritmo mais acertado, a melodia própria à ideia. E quando comecei a escrevê-lo, o que para mim seria o esboço tornou-se o trabalho final. Claro que houve ajustamentos, melhoramentos, o tal trabalho de operário de que falam alguns escritores, mas com este conto o trabalho foi pouco ou nada penoso.
Há também o conto “Coisa Nossa”. Este deu trabalho! Nasceu de uma vontade antiga (o conto já foi escrito há uns anos) de apanhar qualquer coisa que fosse espelho das estradas paralelas em que nascem homens e mulheres, que espelhasse os caminhos construídos para ligar as estradas paralelas, mas que não deixam de ser ligações intermitentes ou incompletas. A esta vontade juntou-se o pretexto, o “ter apanhado” a tal coisa que procurava há algum tempo….tenho um amigo que conta muito bem anedotas. As anedotas que escolhe são muito simples e desconcertantes. É aquele tipo de pessoa – acho que todos conhecemos alguém assim – que consegue contar a anedota mais “ordinária” de maneira a que só notemos a inteligência da piada. Uma vez ao ouvi-lo pensei neste conto, precisamente porque ao terminar a anedota, já quando todos ríamos, ele referiu cautelosamente, “se calhar esta é difícil para as meninas, é uma anedota de e para homens!”. Fez-se o conto aí. Entre o aí e o resultado foi uma construção e reconstrução. O resultado que apresento no livro agrada-me e…apaixonei-me pelas duas personagens. É uma verdadeira história de amor…
Julgo que o conto “Aqui não mora ninguém” consegue provocar a melancolia dos lugares abandonados e uma certa solidariedade para com os diferentes como se fossemos culpados ou semelhantes, e num registo quase teatral, como pretendia.
E já vão três contos. A pergunta é de resposta mesmo difícil!
No outro lado da moeda, o conto “ O bem-intencionado” corresponde a um ratinho face à montanha que era o conto fantástico que eu tinha na cabeça. Na minha cabeça era o melhor, o mais arrojado, o mais bem conseguido. Na minha cabeça tudo estava bem: a ideia, o desenvolvimento, o ritmo….No concreto, no que ficou efectivamente escrito, é uma migalha… isso é muito complicado, quando sentimos que o braço não tem a elasticidade suficiente para apanhar o melhor fruto ao cimo da árvore! EE

(e prometemos, para breve, a partilha de um dos contos destacados pela Helena; sigam-nos por aqui).

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Lançamentos - 21 de Dezembro de 2013

Os lançamentos do passado dia 21 de Dezembro foram um verdadeiro sucesso!

Autores carismáticos e cativantes encheram a "Ler Devagar"; leia, agora, os livros e descubra o que os torna especiais (para além da simpatia)!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Novo livros

Os Nomes do Frio, Helena Filas Afonso

Helena Filas Afonso nasceu em Tete, Moçambique, em 1967. É licenciada em Direito. Vive em Oeiras. Este é o primeiro livro de contos que publica. Integrou «Filas» no seu nome de autora, por ser esse o nome por que era conhecida a sua família materna, na localidade em que vivia. Imbuídos de um permanente desassossego, os contos aqui reunidos fazem de Os Nomes do Frio uma obra tão breve e silenciosa quanto poderosa e sagaz.
Seja pela sensação de langor, estranhamento ou melancolia que a autora nos transmite, seja pelo carácter ribombante do modo como, plástica e poeticamente articula as palavras, não há como ficar indiferente ao pequeno e ordeiro caos que este livro reflecte e provoca.

«Em casa, Tibério Cisco tem uma família numerosa. Mãe, pai, quatro irmãos mais novos, avós maternos, uma tia com o marido e um filho, um tio solteiro e uma tia solteirona.
A casa é espaçosa e tem um quintal. Coube à avó na partilha dos bisavós. A casa é frente ao mar.
A casa é húmida no inverno, mas, sobretudo, é barulhenta o ano todo e às vezes os mais velhos da família zangam-se uns com ou outros, por dinheiro, por acusações de preguiça contra uns, por ninharias como não se saber de uma peça de roupa, enfim, a casa é muito participada e assaz cansativa.
Embora a casa seja grande, o dinheiro é sempre pouco.
Tibério Cisco é um rapaz novo, cara bonitinha, corpo magro, barriga lisa e feitiozinho rancoroso.
Quer ver-se livre da casa logo que possa.»

Recensões

«Da leitura destes contos, e da sua conjugação como unidade, a impressão que fica é a de um livro peculiar, repleto de estranheza e de fascínio, sucinto nas palavras, mas complexo no que elas representam. Um bom livro, pois. Um muito bom livro.»
Carla Ribeiro, blogue As Leituras do Corvo
 

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 Antes que chova, João Nunes

João Nunes nasceu a 29 de dezembro de 1986. Viveu em Barcelona e no Luxemburgo, mas é no coração de Lisboa, cidade que adotou como sua – e de que gosta, sobretudo pelos seus ruídos –, que reside atualmente. Tem como principais referências literárias autores como Cesariny, Herberto Helder, Ruy Belo, Mourão Ferreira, Pedro Mexia, Bukowski, Carver e Richard Brautigan. Publicou Sonhar nem Rima, em 2010. 

Odeia acordar tarde.

Antes que chova é uma pequena coletânea de poemas deste jovem e talentoso autor, cujas maturidade e sensibilidade literárias nos conduzem a uma experiência de enorme e clara força poética.




Poema V

Não lhe queiras dar um nome.
Larga esses rótulos todos.
Ela quer-te muito, e isso devia ser suficiente.
Esquece a perfeição.
Dá passos em falso. Montes deles.
Tropeça. Diz asneiras.
Mostra-lhe as feridas.
O sol nasce todos os dias.

Recensões

»É um livro breve, este Antes que Chova. Mas é também, com uma identidade bem definida e uma forma muito própria de moldar imagens e afectos num registo que facilmente fica na memória, um conjunto de surpreendente complexidade, equilibrado e completo, em cada poema e no todo. Muito bom, em suma.»
Carla Ribeiro, blogue As Leituras do Corvo


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